A Rádio Difusora FM 104.7, em parceria com o Professor e Historiador Hamilton Junior trazem um pouco da história desses 376 anos da Cidade Mãe do Paraná, a nossa amada Paranaguá. A Cidade completa 376 anos no dia 29 de Julho de 2024.
O tema da semana escolhido foi o Palácio Visconde de Nácar, um prédio muito famoso por sua história e localização na Cidade. Confira.
O Palácio do Visconde de Nácar, em Paranaguá, Paraná, foi construído entre 1847 e 1856 pelo Barão e Visconde de Nácar. Atualmente, o palácio encontra-se em grave estado de abandono.
Mais do que pela opulência e luxo original, o palacete é um marco da história do Paraná e do Visconde de Nácar como um de seus principais expoentes. Na primeira metade do século XIX, formou-se uma burguesia comercial e industrial no Paraná, baseada principalmente na produção e exportação da erva-mate. Manoel Antônio Guimarães, o Visconde de Nácar, nascido em 1813, foi, até seu falecimento em 1893, uma figura central no comércio de Paranaguá, a ponto de seus negócios justificarem a instalação de uma casa de cobrança de impostos no município. Possuía vários imóveis em Paranaguá, além de uma olaria em Barreiros, uma empresa de transportes marítimos, armazéns no porto e comércio de escravos. Também era um colaborador constante da Santa Casa de Misericórdia.
Durante o Império, sua influência junto ao Conselheiro Sinimbu foi crucial para que o Porto do Gato se tornasse a ligação ferroviária/marítima do Paraná, beneficiando seus negócios e confirmando a hegemonia de Paranaguá frente a outras cidades litorâneas que declinaram em termos econômicos, populacionais e políticos. Devido à sua riqueza e à grande influência política que exercia tanto na Corte quanto no Paraná, onde foi líder do partido conservador, levanta-se a hipótese de que o Visconde almejava o cargo de primeiro presidente da recém-emancipada Província do Paraná, que até 1853 estava ligada a São Paulo.
Outro fato relevante é que, embora já fosse proprietário de vários imóveis de alto padrão, o palacete foi construído exatamente nos anos em que o processo de emancipação ocorria. Nessa época, Paranaguá era mais populosa e importante política e economicamente do que Curitiba. Também é notável que quase todos os estados brasileiros com litoral têm suas capitais à beira do mar. Portanto, não é infundada a hipótese de que o Visconde pretendia ser o primeiro presidente da Província e que seu palacete foi construído com o objetivo de abrigar o governo provincial. Na contínua disputa entre liberais industrialistas e republicanos contra os conservadores monarquistas e escravagistas, o Visconde venceu as principais batalhas, exceto pela vitória dos liberais em colocar Zacharias de Góes e Vasconcelos, um liberal baiano, como primeiro presidente da Província, impondo Curitiba como capital.
Apesar de o Visconde ter morado no palacete e nele recebido figuras eminentes da Corte, durante a maior parte de sua existência, o edifício abrigou o poder público municipal, inicialmente alugado e posteriormente adquirido pelo município. Isso mostra como o projeto servia bem ao propósito de sede governamental.
Tombado em 22 de dezembro de 1966, inscrição no tombo 16-II.